Eu gostaria de viver como se cada momento estivesse nascendo de novo, o coração mais livre do mundo, como o riso de uma criança e o planar lento dos pássaros. Sentir que tudo fosse tão puro como se visto pela primeira vez. Quem dera voltar ao olhar ingênuo que já não tenho mais. Ah, mas não devo, não posso e não tenho o direito de perder de vista a secreta bagagem que em mim se acumulou, e que, apesar de tudo sempre me habitou. Regressando a essas infindáveis memórias, vejo-as eclodir na superfície da minha pele como as mais belas cicatrizes, marcas indevassáveis do que sou, e que somente eu posso ostentar. A pureza já não há, resta em mim a vontade de existir, apesar de.
Se existe verdade, mesmo que relativa, que se revele entre as palavras, que, jogadas ao vento, lavam a alma e libertam o pensamento.
sábado, 24 de novembro de 2007
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Perfeição indigna
Meu ego me toma por vezes, me arrebata para um oceano profundo e se espalha em vibrações cotinuamente sutis. É para o fundo - onde eu sou não -, que ele me leva e, ali, me consome. O ego é ladino, ele elogia para me atrair, e sempre que ele me pega pelas mãos, e me carrega em seus braços, sinto-me donzela prometida. É no centro do ego que o eu - perfeita - se projeta. E ali, por vezes, sou levada. São segundos seculares de entrega à perfeição. Tempo e espaço em que posso brincar de ser poetiza eleita, como o fazia Florbela. Mas, com a volúpia de um farfalhar de asas, aos poucos, sobre os ombros começa a pesar tanta perfeição. E surge uma reflexo de mim sobre meus olhos. O ego me abandou, e posso de novo me ver como sou: imperfeita, mas dignamente feliz.
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