sábado, 24 de novembro de 2007

As mais belas cicatrizes


Eu gostaria de viver como se cada momento estivesse nascendo de novo, o coração mais livre do mundo, como o riso de uma criança e o planar lento dos pássaros. Sentir que tudo fosse tão puro como se visto pela primeira vez. Quem dera voltar ao olhar ingênuo que já não tenho mais. Ah, mas não devo, não posso e não tenho o direito de perder de vista a secreta bagagem que em mim se acumulou, e que, apesar de tudo sempre me habitou. Regressando a essas infindáveis memórias, vejo-as eclodir na superfície da minha pele como as mais belas cicatrizes, marcas indevassáveis do que sou, e que somente eu posso ostentar. A pureza já não há, resta em mim a vontade de existir, apesar de.

Um comentário:

Anônimo disse...

Juli, às vezes passo aqui e fico besta. Você me enche de poesia. Um beijo.