sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Exercício de auto-piedade

As minha palavras se originam, em grande parte, dos ecos da minha tristeza e da minha solidão. Mãs não de uma certa tristeza advinda das coisas mais banais, mas daquela dor enraizada que emana da solidão humana, dessa nossa condição limitada, forjada na inconsciência e que nos impõe a incompreensão de nós mesmos. As deformações do espelho que nos reflete, a visão turva que nos impede a contemplação do tempo, em mim, habitam recônditos circulares cheios de portas e janelas que se abrem e se fecham intermitentemente. Não alimento tais sentimentos, mas eles se revolvem obscura e tumultuosamente dentro de mim, sem que eu saiba como escapar de sua existência. Talvez alguém conseguisse encontrar expressões mais eficientes para essa visão informe que, entre um sentimento vivo e uma impossibilidade total de compreensão, conduz meu pensamento a uma espécie de dilaceramento, de incoerência. Mas teimo em tentar penetrar como meus olhos opacos esse mundo que imagino erigir-se na sombra. E, por sempre fracassar, sinto, então, que sou um plano inacabado, um esboço abandonado, uma frase não pronunciada, um sonho que alguém esqueceu quando acordou.

Um comentário:

Poetinha Feia disse...

É escrevendo dessa forma que você diz que não estava conseguindo escrever?
Fiquei pensando naquele olhar castanho, doce, falando comigo. As horas gastando e eu pensando.
Me identifiquei com o castanho dos seus olhos. Com a angústia daqueles que querem escrever, mas não sabem o motivo.
Apenas sentem necessidade em escrever para aliviar a emoção que sente. E, por isso, escrevi algumas palavras para você lá no blog.
Passa lá!

Beijocas, minha linda!!!