terça-feira, 22 de março de 2011

A insustentável leveza do ser...


Apesar do título....

...não vou falar do livro de Milan Kundera, não vou falar de literatura, nem de altas filosofias, que se não preenchem a alma, pelo menos deixam o copo meio cheio.

Sabe aqueles dias casansativos, nos quais você nem tem tempo de pensar sobre se está respirando ou não? Bom, hoje foi um desses dias.

Hoje foi uma dia daqueles em que não sei muito bem onde começa o meu pé e termina a minha cabeça, na verdade meu corpo quase não tem materialidade, é só a mente funcionando, ou melhor, mecanicamente funcionando. Não há criatividade. Atuo como um autômato.

Acordar, tomar banho, dirigir uma hora até o trabalho, dar aula, comer qualquer coisa correndo, corrigir prova, assistir seminários de alunos, corrigir mais provas, entregar resultados, ouvir reclamação de aluno... afff. Acabou. Enfim, chega a noite, e posso voltar para casa.

O que significa o retorno ao lar? Que espécie de mística existe nessa sensação de saciedade e salvação que nos ocorre quando voltamos pra casa? São perguntas que me faço, e não encontro respostas. Mas como disse em outro momento, há coisas das quais devemos abdicar o entendimento.

Nessa saciedade orgasmática, que advém de estar em casa, estar sozinha, apagar as luzes do quarto, deitar na cama, posso, finalmente, pensar em mim: nos limtes da minha materialidade, e deixar o imaterial fluir sobre a colcha de pensamentos.

É nesse momento que posso me sentir, por inteira, vida, cor, cheiro, sensações.

É criativo estar só. Ouvir meus pensamentos pulsantes, almejando a inserção no mundo, desejantes de evadir os limites do claustro cerebral.

E, ao desepejar meus pensamentos, posso experimentar um certo tipo de leveza que vem me obsedando continuamente... talvez pelo fato do peso que venho carregando há tanto tempo já...
"Na vida tenho muito que dançar para aguentar o peso, e parar de pensar no erro..."(OTTO)

Então, um pouco de leveza é dedicada àquela, que reconheço, então, ser a minha alma. Cedo-lhe um pouco da tranqüilidade ao encontrar-me segura entre as quatro paredes de meu quarto... o calmo sentimento de saber-se em casa.

Porém, até quando essa levaza poderá pairar sobre os meus suspiros????

Afinal, é insustentável a leveza do ser?

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