terça-feira, 10 de maio de 2011

Ervas, nudez e bruxas

Em novembro do ano passado, eu acordei um dia me sentindo diferente, e não conseguia identificar o que havia mudado. Mas inegavelmente, eu não era mais a mesma pessoa. A princípio me pareceu que era apenas uma mudança física, não daquelas kafkianas, mas uma mudança sutil na forma com que meu cérebro e meu coração reagiam ao mundo. E então tudo que eu era começou a morrer, todas as minhas proteções foram sendo lentamente retiradas de mim: a gordura que recobria o meu corpo, um amor de fantasia e sem futuro algum, o prazer em viver através de uma existência virtual e, acima de tudo, as certezas sobre o que e quem eu era.

Já se passaram quase 6 meses e as coisas em mim continuam a morrer. Sei que enquanto morro lentamente, um novo eu se engendra nas minhas entranhas. Pouco sei sobre o que estou me tornando... mas saber não importa tanto assim. Importa é ir me tornando aquilo que preciso ser.

Um comentário:

Ari disse...

Filha,

Extremamente emocionado, chegam-me lágrimas dolorosas de alegria por ser um dos vetores da sua existência, por te amar imensamente e por, teimosa e ingenuamente, pretender que a sua vida fosse sempre "um mar de rosas". Mas, viver, de fato, é transformar (se) e isso dói, machuca, assusta, porém, nos engrandece. A vida me presenteou com vocês três, meus filhos, pessoas incríveis, sensíveis, inteligentes, cada um do seu jeito especial, do seu modo peculiar que me faz amá-los mais e mais a cada dia.