segunda-feira, 3 de setembro de 2007

“Nosso sonho se perdeu no fio da vida, e eu vou embora,
sem mais feridas, sem despedidas,
eu quero ver o mar”




Em tempos modernos, sonhar com príncipe encantado já anda fora de moda. Mas eu, descompassada que sou com o meu tempo, continuo sonhando com o amor cortês da idade média. Mas me pergunto, porque morreu o amor cortês? Um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e auto-disciplinado, humilhante e exaltante, humano e transcendente entre o desejo erótico e a realização espiritual. Um amor capaz de gerar uma devoção contida, e, ao mesmo tempo, pulsante, criativa, como o provam as Cantigas de Amor do cancioneiro medieval. O homem contemporâneo perdeu a capacidade criativa do amor cortês. E eu com isso??? Eu: sou Dulcineia desvairada, a perguntar pelas ruas: “onde andará meu Dom Quixote?”. Sou Isolda, enfurecida, a amaldiçoar o mar, que insiste em levar e nunca mais devolver o Tristão que nunca me chegou.

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