domingo, 22 de julho de 2007

Quem sou eu?


Alguém me perguntou, numa noite ao luar, quem eu era, queria saber porque me escondia por detrás de um sorriso evasivo, quando no meu olhar brilhava uma lágrima escondida. Nessa noite, me refugiei no silêncio. Hoje, ao relembrar dessa noite, pergunto-me porque não respondi a pergunta. Compreendo que é sempre mais fácil esconder a pessoa que somos dos outros, do que nos tornarmos vulneráveis aos seus olhos. Agora que não me podem mais escutar começo por entoar uma musica “Deixa eu te contar mais de mim, quero te mostrar quem sou, sou como o lugar de onde vim, onde tudo começou, esse brilho em meu olhar é do mar, é do mar que trago refletido (...)”.

Não há ninguém para me ouvir, e hoje, me sinto assim, sem rumo, e tendo apenas como certeza e felicidade o vento que beija o meu rosto e a lua que me embala e afaga os cabelos. A lágrima ainda existe.

No fundo é a própria existência que me faz ainda ter uma parte de mim que sonha, é ela que me faz ser ainda a criança. Eu sei que ainda sou inocente e que vivo no meu castelo de sonhos e nuvens de algodão.
E ainda que eu chore, a dor do mundo, desvairadamente, algo bom dentro de mim refulge, uma chama no meio de muitas cinzas persiste. O sonho.

Mas tenho medo, mais que medo, tenho pavor, pavor que me partam de novo o coração e que eu não seja capaz de o agarrar e voltar a colocá-lo no lugar, pavor que me dêem a nuvem para voar e do nada ela já não esteja debaixo dos meus pés, pavor que me olhem como um corpo e esqueçam a minha alma.

Perguntaram-me quem eu era, a resposta está escrita em cada gesto meu, e em cada lágrima que já deixei escorrer pelo meu rosto, talvez não me compreendam. No fundo só quero lembrar-me de uma coisa, as diferenças entre as pessoas, não condenam sentimentos, é a incapacidade de se adaptar e a falta de vontade que faz com que se esfumem no ar.

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