Não basta um corpo e outro corpo, misturados num desejo insosso, desses que dão feito fome trivial, nascida da gula descuidada, aplacada sem zelo, sem composturas, sem respeito, atendendo exclusivamente a voracidade do apetite. É preciso percorrer as trilhas da alma, uma alma tateando outra alma, desvendando véus, descobrindo profundezas, penetrando nos escondidos, sem pressa com delicadeza... porque alma tem tessitura de cristal, deve ser tocada nas levezas, apalpada com amaciamentos... até que o corpo descubra cada uma das suas funções. Quando a descoberta acontece é que o ato de amor começa. As mãos deslizam sobre as curvas, como se tocando nuvens, boca vai acordando e retirando gostos, provando os sabores, bebendo a seiva que jorra das nascentes escorrendo em dons, é o côncavo e o convexo em amorosa conjunção. É Ressurreição !!! É nascer de novo: no abraço que aperta sem sufocamentos no beijo que cala a sede gritante, na escalada dos degraus celestiais que levam ao êxtase.
adaptado de ♀♀{HeLåyninhá}♂♂
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