quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Ode à maturidade

Se eu pudesse ser qualquer pessoa, eu seria eu mesma.
Se eu pudesse amar qualquer pessoa, amaria a mim mesma.


Sento-me sobre as minhas carnes e me admiro serena no espelho da mente. Sinto minhas veias pulsarem, transbordando o orgulho que me arde: pela minha idade, pelas minhas experiências. Por tudo que em mim carece e por tudo que em mim exacerba. Me miro e me vejo no espelho da mente, onde repousa lânguido o olhar, que se esconde e se revela piscante entre as luzes do luar. O estirar-se inquieto e constante dos meus lábios fulgura no rosto que se projeta sobre o mesmo espelho, íntegro e voraz, extasiado e demente. Meus ouvidos não me mentem as mentiras que queria me contar, gritam em meus tímpanos os diálogos descarnados entre mim. Rolam entre os meus cabelos rubros cachos de verbenas. O marfim que me cobre a pele reluz sob a luz incidiosa dos olhos que me miram, e são tão meus esses olhos. O som da minha voz, em veludo, arranhado, me alivia a língua que quer dizer o que se pode descobrir em mim. Então, me ponho a escrever, de alma desnudada, sobre a cama onde me amei. Sinto, nos milímetros da minha pele, o borbulhar explosivo da minha fotossíntese noturna. E nesse momento: o meu verde se enrubesce.

4 comentários:

Anônimo disse...

Lindo demais, filha!

Pat Vieira disse...

Lindo demais meeessssmo, queria escrever assim!!!

Caroline Rodrigues disse...

nossa!
perfect!!!
bravisimo!
uuuuuuuuaaaaaaaaaaaaauuuuuuuu!

Juliana disse...

a autora agradece os desmaiados elogios... brigado meus amores.

beijos